terça-feira, 16 de outubro de 2012

Relatos da Primeira Gira (do outro lado)


 Era sexta feira, sem tréguas..., o trânsito está uma loucura, parece que tudo dá errado... acho que é um sinal para não ir.
Dentro do carro e a caminho, corto pra lá..., corto pra cá..., olho para ...
o relógio, será que vai dar tempo?
Stress total... ainda no caminho, relembrando os ensinamentos sobre os cumprimentos, ao entrar na casa, no Congá, no atabaque, os médiuns, UFA quanta coisa!!!
No local concentração total, nem cumprimento direito às pessoas, acho que fiz algumas coisas erradas, parece que toda a assistência esta me olhando, mas beleza tudo vai dar certo.
A hora insiste em não passar, eu não recordo mais qual o Orixá do tempo... Dúvida em cima da hora, este Orixá é do tempo é no sentido cronológico ou espacial?!? Melhor não pensar nisso, afinal eu acho que ninguém poderá me auxiliar neste momento.
Novamente olho no relógio e agora estamos todos de branco dentro do Congá, sou assessorado por um médium mais experiente é hora de relembrar algumas orientações BÁSICAS, tais como: cumprimentos, significados, saudações que irão ocorrer, mas no final valeu a orientação sublime, na dúvida “faz tudo o que a pessoa do lado fizer”.
Vamos lá..., agora é pra valer..., vai começar..., começam os toques, beleza a vibração lá em cima, aqui dentro parece muito mais forte! Realmente é, pois na hora de bater a cabeça, depois de colocar a toalha sobre a esteira, uma vibração sacudiu a cabeça num movimento rápido, parecia que o chão estava tremendo - um susto - mas vamos continuar pois a gira está apenas começando.
Tudo o que eu havia lido, ouvido, visto neste período de assistência é coisa do passado, vamos seguir a orientação célebre dos irmãos mais experientes, de olho na pessoa do lado.
Aí começa o martírio, corpo virado pra frente, varias pessoas observando-nos as costas, o olho virado para o lado a procura de exemplos a serem imitados. Não necessariamente nessa ordem, mas há de cantar ritmado, levanta, abaixa, cumprimenta, vira para um lado, vira para o outro..., nem sei mais o que estou fazendo, a respiração começa a ficar ofegante, o suor a escorrer, o batimento cardíaco começa a aumentar, haja preparo físico.
Acredito seriamente que todos os filhos de fé poderiam correr a São Silvestre tranquilamente, enfim a cadencia diminui, a oração é feita, o toque da chamado dos Guias é ecoada, tranquilidade no ar.
Na assistência há estas horas já estava em “alfa”, mas no Congá tranquilo, alguns médiuns começam a trabalhar com seus Guias, por enquanto estou tranquilo.
Por enquanto..., o Pai me chama, o coração dispara e agora eu enfato e melhor não vejo mais nada. Sinto que estou andando com muita dificuldade, alguém me acompanha, sento em um banco. Começa a tentativa de comunicação, os olhos não abrem, as pernas não respondem, insisto nisso e a cada tentativa frustrante a entidade parece ri amavelmente, fazendo-me compreender que Ela esta no comando, respiro fundo, a alguma comunicação com o cambono e ele trás agua.
Depois de muito tempo o cambono avisa que o Guia chefe está pedindo para entidade “subir” e novamente uma caminhada cansativa, de olhos fechados e uma sacudida rápida, volta tudo as claras e enfim estou de volta.
No final, apesar das dores físicas valeu pela primeira vez.

William Zingaro, membro do Templo e Escola de Umbanda Luz da Arunda – Teu Lar

Nenhum comentário:

Postar um comentário